quarta-feira, 6 de abril de 2011

Esporte. Por Hamilton Wilson.


Doping Genético


Não se sabe ao certo a origem da palavra “doping”. Existem relatos de uma bebida alcoólica, conhecida como “dop”, usada como estimulante em cerimonias religiosas. Há ainda registros que a associam com uma bebida feita da fermentação da casca da uva, misturada ao chá de cola (uma noz similar ao cacau muito rica em cafeina), usada pelos guerreiros Zulus para aumentar sua ferocidade em batalha.

O termo “dop” foi difundido na Europa na virada do século XX, por colonizadores holandeses oriundos das colonias africanas, originalmente referindo-se ao uso de estimulantes em cavalos de corrida. A primeira aparição da palavra “doping” em um dicionário Inglês foi em 1889.

A prática do aumento e performance através do uso de substâncias químicas ou outros meios artificiais é tão antiga quanto o esporte. O primeiro caso de uso de substância estimulante no esporte, foi registrado em 2700 AC pelo imperador chinês Shen-Nung. Ele relata o uso do chá de uma planta conhecida como Ma-Huang, rico em efedrina, usado como estimulante por atletas chineses.

Na era moderna os primeiros registros datam de 1896, quando corredores e ciclistas faziam uso da cocaína, efedrina e estricnina para melhorar o rendimento. As substâncias artificialmente fabricadas como as anfetaminas e anabolizantes surgem após a Segunda Grande Guerra, disseminadas por jovens soldados que tornaram-se atletas após o fim da guerra. Durante o conflito, as anfetaminas eram usadas para reduzir a fome, a sede e o cansaço, e os esteroides na recuperação da massa muscular dos doentes e feridos.

O primeiro órgão esportivo a banir o uso de substâncias estimulantes foi a Federação Internacional de Atletismo, em 1928. Apesar de outras federações esportivas seguirem o mesmo caminho, o resultado era nenhum ja que não havia a obrigatoriedade da testagem dos atletas. A FIFA e a UCI (ciclismo) foram as pioneiras no uso do teste anti-doping nos atletas, quando passaram a exigir o teste em seus campeonatos mundiais em 1960.

Em 1967 o Comitê Olímpico Internacional cria sua comissão médica e divulga a primeira lista de substâncias proibida e passa a testar todos os atletas a partir das Olimpíadas do México, em 1968.

A grande preocupação do esporte nos dias de hoje é o doping genético. Com a evolução das terapias genéticas,cada mais comuns na medicina, elas podem ser muito uteis para os atletas, como por exemplo: na recuperação acelerada de contusões. Entretanto, há o receio que haja abuso no uso dessas terapias, para melhorar a performance de indivíduos perfeitamente normais.

Através da inoculação de um vírus inofensivo em um atleta, este poderia portar em sua estrutura genética um gene que altere as células musculares para obter uma maior performance. O vírus sintético Repoxygen foi desenvolvido para aumentar a produção de erythropoietin, hormônio que instrui o organismo a produzir mais glóbulos vermelhos, cuja função é transportar oxigênio para os músculos. Esta é uma importante terapia para o tratamento da anemia, mas poderia ser muito bem usada por ciclistas e corredores de media e longa distância, para melhorar sua resistência em provas longas.

Por ser bastante difícil a testagem deste tipo de doping, o Comitê Olímpico Internacional decidiu manter um banco de amostras genéticas de todos os atletas olímpicos, para que com a evolução da ciência possa no futuro vir a testá-las.

Apesar do firme propósito em coibir o aumento artificial da performance por meio da genética, as entidades esportivas podem ser obrigadas do futuro a aceitar este tipo de doping como algo normal. De acordo com médicos especialistas, a terapia genética fará parte da vida das pessoas no futuro e impedir que estas pessoas se tornem atletas pode vir a ser encarada como preconceito. Por exemplo, como excluir um atleta que, quando criança, foi tratado geneticamente e curado de uma anemia crônica ou de uma doença degenerativa dos músculos?

Fato é que apesar de todas as incertezas que cercam o tema, o COI prepara-se para iniciar a testagem de atletas para este novo tipo de doping já em 2012, nas Olimpíadas de Londres.

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