terça-feira, 8 de março de 2011

Culinária. Por Hamilton Wilson.


A culinária, além de nos trazer grande satisfação e prazer aos nossos sentidos: visual, olfativo e gustativo, é fonte de inúmeras curiosidades quando procuramos descobrir a origem de certas iguarias típicas, sejam do Brasil ou de outros países. O que dizer da feijoada, será que era realmente servida aos escravos. E o hamburguer, muitos afirmariam com certeza ser originário dos Estados Unidos. Em ambos os casos a resposta é negativa.

FEIJOADA

A origem da feijoada esta associada a crença de que surgiu como um alimento dos escravos, feito a base de sobras de carne, oriundas do abate de porcos, misturadas com feijão e postos a ferver. Diversos registros históricos confirmam que os escravos eram bem tratados, apesar da crença popular de maus tratos, pois custavam caro e para produzirem necessitavam ser bem alimentados. Mas então de onde vem a nossa tradicional feijoada? Muito provavelmente, foi trazida ao Brasil por famílias portuguesas oriundas da região norte de Portugal. Nesta área é muito comum um prato a base do cozimento do feijão: branco no noroeste (Minho e Douro Litoral) e no nordeste (Trás-os-Montes), com vegetais (tomate, cenouras ou couve), carne de porco ou de vaca e embutidos como: chouriço, morcela ou farinheira.

HAMBURGUER

O hamburguer apesar de muitos acreditarem se tratar de algo típico da culinária norte-americana tem suas origens no século XII, na Europa, mais precisamente na Rússia, quando da invasão do exército de Gengis Khan. Uma das principais características desse exército, formado em quase sua totalidade por cavaleiros, era a mobilidade, não paravam nem mesmo para as as refeições diárias. A base da alimentação eram pedaços de carna crua colocadas entre a manta e sela dos cavalos, para amaciar.

Essa carne crua “amaciada” foi incorporada à culinária russa e sua receita aprimorada, com a incorporação de cebola e ovos crus. Essa receita foi trazida para Hamburgo, na Alemanha, no século XVII, por navegantes que atuavam no comércio com Moscou. Por serem os russos, na época, conhecidos como tártaros, os alemães passaram a se referir a esse prato como “stake tartare”, ainda hoje uma iguaria muito apreciada na Europa.

Em meados do século XVII, o “stake tartare” passou a fazer parte da alimentação levada a bordo dos navios alemães. Sua receita sofre uma nova variação, passa a incluir pedaços de pão e é levemente defumada para retardar a deterioração da carne durante as viagens. Essa receita é levada aos Estados Unidos provavelmente por imigrantes alemães. Há registros do século XVIII indicando que, estandes de comida no porto de New York, ofereciam o “Hamburg Steak” ou carne preparada no estilo de Hamburgo. A modalidade com a carne moída só foi introduzida no século XIX com a invenção do moedor de carne.

MOLHOS

Os molhos tem sua origem em preparados que ajudavam a conservação dos alimentos. Tanto na língua inglesa quanto na francesa molho é “sauce”, no Espanhol, salsa. Ambas derivadas da palavra sal, produto indispensável na preservação de alimentos.

A maionese foi inventada no século XVIII pelo cozinheiro do Duque de Richelieu, enviado pelo rei Luis XVI para expulsar os ingleses de Mahon. Proibido de usar fogo ao cozinhar, de forma a não atrair a atenção do inimigo, ele preparou um molho com o que havia a mãos: ovos, sal e azeite. Batizou-o em homenagem à cidade.

O “ketchup” é uma variação do “Ketiap” chinês, utilizado por marinheiros holandeses no século XVII. O “ketiap” é uma salmoura para peixes, a base de soja, sal e vinagre. Essa receita foi modificada ao longo do tempo até chegar ao molho que conhecemos e muito apreciado por norte-americanos e ingleses.

DOCES PORTUGUESES

Portugal era, nos século XVIII e XIX , o maior produtor de ovos da Europa. O destino dessa produção era principalmente a atividade manufatureira, onde havia grande demanda pela clara dos ovos. A clara era utilizada pelos produtores de vinho, servindo como elemento filtrador das impurezas do vinho. Era ainda muito utilizada para engomar tecidos e roupas.

A gema descartada, era utilizada na alimentação dos porcos, mas devido a grande quantidade muito era destinado ao lixo. Com o excesso de açúcar vindo das colonias, especialmente do Brasil, as cozinheiras, principalmente dos conventos, inciaram experimentos culinários com esses dois produtos. Motivo pelo qual muitos dos nomes de doces portugueses que conhecemos são inspirados na fé católica, como: barriga de freira, o toucinho do céu, o papo-de-anjo, a fatia-de-bispo e o pão-de-ló.

Encerro com uma sugestão, quando se depararem com um prato típico que apreciem, procurem saber a respeito de sua origem. Afinal, a culinária é também fonte cultura.

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