terça-feira, 27 de abril de 2010

A crise de 1929 e a crise de 2008 ( mais uma vez Keynes e Smith)




A crise de 1929 foi a primeira grande crise do capitalismo. Na época vigorava o liberalismo (olha o Smith por aqui mais uma vez), no qual o mercado financeiro ditava suas próprias regras (a mão invisível do Smith, não a do cimena mas sim a do mercado). Os EUA ofereciam altas taxas de juros para financiar seu crescimento, o que atraiu investimentos do mundo inteiro, gerando uma grande especulação financeira. Os preços das ações das empresas dispararam além do seu valor real. Além disso, o crédito era farto e eram promovidas campanhas de venda a prazo, estimulando o consumo em massa. Porém, a oferta continuava muito superior à procura, por causa do aumento da produção que agora era industrializada. Por conta disso, quando a primeira empresa faliu, capitalistas começaram a vender suas ações sem encontrar compradores. No dia 24/10/1929 (a Quinta-feira Negra) lotes de ações foram oferecidos na Bolsa de Valores sem que ninguém as quisesse comprar e viraram pó. Os preços das commodities despencaram em seguida, o que levou a uma quebradeira geral da economia americana, com aumento do desemprego e recessão mundial. As falências e a falta de investimentos que se seguiram fizeram com que os que possuíam dinheiro os retirassem dos bancos, guardando em casa ou comprando ouro. Isso causou a segunda onda da crise: a de crédito, que culminou em 1931, com o fim dos empréstimos entre os bancos, quebradeira deles e a necessidade da intervenção do Estado para regular o mercado (qualquer mera semelhança com 2009, não é obra de ficção e sim da realidade). Foi neste contexto que as idíeas de Keynes foram bem aplicadas. Keynes nasceu para esta crise.....Era o homem certo, na hora certa.....que me desculpe Obama, but he is the guy !!!
Mas o tempo passou, o mundo mudou, o Estado diminui, o mercado cresceu e Smith voltou a passear por aqui e estava adorando essa época de juros baixos e de liberalismo, muito liberalismo. Bancos emprestavam às financeiras com fartura e estas emprestavam a terceiros para a compra de imóveis, sem que houvesse uma avaliação correta do risco: o chamado crédito Ninja (No Income, No Job and [no] Assets). Havia também muita gente que hipotecava seus imóveis com base na superavaliação deles: recebiam muito dinheiro, com amortização barata. Quando os juros voltaram a subir, os preços dos imóveis caíram (pela diminuição da procura), mas as dívidas permaneceram no elevado patamar inicial da avaliação, só que agora com juros altos. Os devedores não conseguiram honrar suas dívidas e tiveram que devolver seus imóveis às financeiras. Estas, porém, não conseguiam revendê-los, já que os juros subiram. Tinham então papéis nas mãos que nada valiam e imóveis custando muito menos do que na época dos empréstimos. Em função disso, houve uma crise de confiança no mercado, onde as instituições financeiras pararam de emprestar entre elas, porque tinham medo de que a outra tivesse esses ativos podres. O resultado foi a falência e pedidos de concordatas das financeiras e a falência dos bancos que emprestaram dinheiro para essas financeiras e nada receberam de volta. Novamente fala-se na regulação do mercado, desta vez a nível mundial, já que a crise afetou o mundo como um todo, porque praticamente todas as instituições financeiras dos países desenvolvidos tinham esses créditos podres.
Dentre as crises financeiras registradas nos últimos anos, a crise do subprime foi a que se prolongou por mais tempo, além de ter atingido praticamente todas as regiões do mundo. A velocidade e intensidade de propagação dessa crise, após a quebra da Lehman Brothers, ao menos em parte podem ser vistas como conseqüência da globalização.
O cenário mundial que antecedeu a crise era de alta liquidez nos mercados financeiros internacionais, com crédito abundante e juros altos. Para alguns economistas eram as premissas que sustentavam uma bolha no mercado de crédito. A bonança mundial foi interrompida a partir do expressivo aumento da inadimplência no mercado hipotecário norte-americano, que já davam sinais de problemas desde o início de 2007, e de seus impactos sobre os instrumentos de crédito derivados. Veja o gráfico da inadiplência das hipotecas americanas ao lado.
Neste contexto, as instituições financeiras de hipotecas americanas começaram a falir pois não conseguiam arcar com seus prejuízos e, juntamente, carregaram consigo as outras intuições financeiras que forma a complexa rede bancária americana, como foi o caso do Lehman Brothers.
As incertezas e a instabilidade predominaram nos mercados e investidores do mundo inteiro procuraram se desfazer de ativos de maior risco em busca de investimentos considerados mais seguros. A liquidez do mercado internacional foi drasticamente reduzida e a volatilidade dos mercados alcançou níveis altos historicamente.
A partir da crise financeira desencadeou-se uma forte crise na economia real. Com a retração no crédito, houve um impacto direto sobre a expansão dos investimentos e do consumo das famílias que, no momento seguinte, gerou desemprego. Este ciclo sozinho é suficiente para sustentar a recessão nos países mais afetados. O caminho encontrado pelas nações para resolver o problema de liquidez, conseqüentemente a recessão, foi o de injetar dinheiro via empréstimos a instituições financeiras, aumento no investimento público, diminuição nas taxas de juros. Veja no gráfico ao lado. O Brasil, que não possuía ou tinha poucos desses créditos, sofreu somente uma “marolinha” do tsunami que afetou a economia mundial. Isso se deve, em grande parte, às severas exigências do Banco Central e de outros órgãos, como a CVM, para a contratação de operações financeiras no país.

Ser ou não ser? Eis a questão




Por Claudio Melo Rocha Santos
Ana Paula
Thiago Albuquerque
João Pedro Pettezzoni

Diz-se em Economia que a história é movida por ciclos e cada ciclo tem o seu apogeu e o seu declínio. Ao chegar ao ponto mais baixo existe uma ruptura daquela era e início de um novo predomínio. Ao darmos um passeio pela história da economia nos deparamos com uma abrangência de idéias e escolas de pensamento. O mais interessante é que cada um deles teve o seu momento de destaque. Podemos dar alguns exemplos:
Inicialmente surgiu um rapazinho chamado Adam Smith, filósofo e economista, ou economista e filósofo. Era totalmente liberal...calma...não estamos falando de sexo, drogas e/ou rock and roll.....mas ele pregava que tudo deveria ser desvinculado, que o estado não deveria interferir em nada e que o mercado se regularia sozinho....muito doido não. E tudo isso em pleno século XVIII. Será que ele fumava ?????
Bem mais novo que o “doidão” Smith surgiu no século passado, um camarada (nem tanto socialista assim) chamado John Maynard Keynes, esse tiozinho inglês deveria achar o colega Smith um tanto quanto desregrado e desgarrado, Keynes devia ter pensado.........além de fumar muito, o Smith devia beber muito malte escocês, pô o cara é muito louco “pra” pensar numa economia assim, isso não vai dar certo nunca!!!! Como podem dar ouvido a alguém que usa Kilt e toca gaita de fole........... Sim Smith era escocês. Para o tiozinho inglês o Estado deveria ser intervencionista, regulador e controlador do fluxo monetário.

Quem você queria ter como pai: o doido do Smith ou o pentelho do Keynes ? Quem estava certo?

As idéias de Keynes reinaram de forma absoluta a partir de 1929, o ano da grande crise, (tú deve tá pensando: Pô o tiozinho era sinistro!!!!) até a década de 70 quando problemas começaram a afligir as economias estadunidense e britânica no início da década. Depois de 30 anos de desempenho brilhante – as economias capitalistas emitiam sinais de fadiga estrutural. A Golden Age agonizava (Era Dourada – entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o início dos anos 70 do século passado – conviveram em harmonia o crescimento rápido, a baixa inflação, reduzidas taxas de desemprego, aumento dos salários reais e integração das massas aos padrões modernos de consumo e convivência). Ainda nos anos 50, tempo de esplendor e glória das políticas keynesianas e do Estado de Bem-Estar, o libertarianismo de Friedrich Hayek e o monetarismo de Milton Friedman formaram a comissão de frente da ofensiva contra “os inimigos da liberdade econômica”. Na década de 70 surgem os neoliberais (ou seja, uma volta à Adam Smith), tendo em Milton Friedman o seu maior expoente. Criticavam a capacidade do Estado em regular o ciclo econômico.......
Pausa para pensamento: Será que o movimento hippie tem alguma coisas haver com isso.....Tõ dizendo....o Smith devia fumar alguma coisa....é muito coincidência....... a essa altura Friedman já deve ter trocado a gaita de fole pela gaita e não usaria mais o kilt....ficaria sem ele, peladão, peladão........na cabeça dele pairava uma certeza.....Smith fumava e muito!!!!! e todo aquele liberalismo poderia dar certo.
Nesta mesma época tivemos o aparecimento da “Dama de Ferro” e do “Cowboy”, no limiar dos anos 80, a eleição de Margaret Thatcher no Reino Unido e Ronald Reagan nos Estados Unidos refletiu o desconforto das classes abastadas e médias com a estagflação. As cargas tributárias elevadas, o excesso de regulamentação e o poder dos sindicatos eram, sem dúvida, os responsáveis pelo mau desempenho das economias.
A famosa Curva de Laffer garantia que a sobrecarga de impostos sufocava os mais ricos e desestimulava a poupança, o que comprometia o investimento e, portanto, reduzia a oferta de empregos e a renda dos mais pobres. Com o objetivo de induzir a expansão de setores escolhidos ou de proteger segmentos empresariais ameaçados pela concorrência, os governos distorciam o sistema de preços e, assim, bloqueavam os mercados em sua nobre e insubstituível função de produzir informações para os agentes econômicos.
A esta altura o bloco socialista/ comunista se desfez, o único grande país ainda comunista/socialista é a China, o capitalismo se desenvolveu e consolidou-se e mesmos as bolhas/ crises (Indonésia, Rússia, Tigres Asiáticos e Japão) não foram capazes de derrubá-lo. As corporações globais passaram a adotar padrões de governança agressivamente competitivos. Entre outros procedimentos, as empresas subordinaram seu desempenho econômico à “criação de valor” na esfera financeira, repercutindo a ampliação dos poderes dos acionistas. Aliados aos administradores, agora remunerados com bônus generosos e comprometidos com o exercício de opções de compra das ações da empresa, os acionistas exercitaram um individualismo agressivo e exigiram surtos intensos e recorrentes de reengenharia administrativa, de flexibilização das relações de trabalho e de redução de custos. Berrava-se aos 04 cantos da terra; “ o Estado não precisa participar da economia. Tem sim que se preocupar com funções vitais à sociedade: educação, saúde, segurança e infra-estrutura”.
Agora tú “tá” pensando: Smith “tava” certo. Pior que Estado só Estado Pobre e Miserável....
Como podemos observar a história econômica é recheada de ciclos, onde o Estado é amado ou odiado. Keynes saiu de salvador da pátria à intervencionista e hoje retorna à literatura econômica com muita força e defensores, pois no auge da euforia capitalista, onde estávamos cada vez mais liberais, mais smithianos, ocorre a crise do subprime e junto dela a questão da liquidez do sistema bancário e o risco de quebra de várias empresas sobretudo aos automobilísticas.

O que se viu foi o Governo ajudando as empresas e o sistema bancário para que os mesmos não se quebrassem. Se fossemos pela ótica da mão invisível....queixaríamos quebrar ????? Teríamos coragem de deixá-los à sorte do mercado ? E a recessão e o desemprego...Chamem Keynes... e rápido enquanto ainda dá tempo

Com isso meu amigos vale a pena pensar : Fumo d+ e bebida d+ (mesmo que importado da Escóia) podem ser prejudiciais ao bolso e a bolsa. Mas vale a pena beber algum chopp (que seja Brahma pelo menos) e se for fumar que seja do lado de fora do estabelecimento pois lá dentro não pode mais por que o Estado não deixa e não se esqueça, a partir de 22:30 costuma ter lei seca, por que beber e dirigir o Estado também não deixa......e nada de parar o carro no meio do caminho para “aliviar”, pq o Estado tb não deixa.
- “Eta” Estado chato. Alguém pode chamar o Smith ?????
Mas você não vai querer esta passando na rua com a sua namorada na hora que o cidadão parar o carro perto de vocês para dar uma aliviada....Pô, alguém pode chamar o tiozinho????
Com isso nos parece razoável uma mistura dos dois sistema. E finalizamos a coluna com a definição de Capitalismo feita pelo do historiador Fernand Braudel:
“O erro mais grave (dos economistas) é sustentar que o capitalismo é um sistema econômico... Não devemos nos enganar, o Estado e o Capital são companheiros inseparáveis, ontem como hoje”.


Por Claudio Melo Rocha Santos
Ana Paula
Thiago Albuquerque
João Pedro Pettezzoni

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